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Semana MLB | Como é ver um jogo de beisebol na Coreia do Sul e no Japão e o que fica de lição para os EUA

Como é ver um jogo de beisebol na Coreia do Sul e no Japão e o que fica de lição para os EUA Ubiratan Leal / ESPN

Os times já estão em campo, e o telão do estádio passa a escalação. Primeiro, o alinhamento ofensivo. Depois, o arremessador titular. E depois (como assim, tem mais um “depois”?), a equipe de animação. Sim, o mestre da animação, seguido das quatro cheerleaders que trabalharão na partida. O jogo nem começou, mas já dá para perceber que beisebol na Coreia do Sul é diferente.

A coluna teve a oportunidade de ver um jogo de beisebol da KBO (Korean Baseball Organisation, a liga sul-coreana) e dois da NPB (Nippon Professional Baseball, a liga japonesa) durante as férias de meio de ano. E a experiência nos estádios asiáticos é mais distante da vivida nos Estados Unidos do que os países em si.

Uma comparação simplista e generalista poderia colocar torcedores sul-coreanos e japoneses no mesmo balaio, e só nisso já seria possível identificar diferenças para os americanos. Na MLB, os milhares de pessoas que vão a cada jogo têm pouco sentido de unidade. Cada um se comporta como bem entende, alguns ficando quieto analisando e preenchendo scorecard, outros conversando, outros saindo e voltando para comprar cerveja e cachorro quente, outros efetivamente reagindo ao jogo de maneira mais vocal. O sistema de som apenas dá orientações básicas (como pedir aplausos ou incentivos mais altos em momentos sensíveis) ou toca a música do jogador enquanto ele se dirige ao diamante.

O resultado disso é um ambiente muito agradável como um lazer, mas que raramente se aproxima ao que nós (brasileiros) entendemos como “clima de estádio”. Isso acontece apenas em clássicos, jogos decisivos ou no momento decisivo da partida, em que a tensão acaba colocando muitos torcedores na mesma sintonia (no caso, a de reagir de maneira mais vocal às jogadas). E essa é uma realidade comum nas grandes ligas profissionais dos Estados Unidos, em qualquer modalidade.

Na Coreia do Sul e no Japão já é diferente. Os torcedores realmente ficam envolvidos com o jogo. Reagem a cada lance, incentivam jogador a jogador de seu time, e fazem isso de maneira coordenada, criando uma massa que se manifesta em uníssono.

Essa é a impressão superficial, vista à distância. De perto, há uma diferença fundamental entre torcedores da KBO e da NPB. A começar pela equipe de animação. Ela tem um papel central do que acontece nas arquibancadas.

O beisebol na Coreia do Sul encontrou um casamento muito grande com a cultura de K-pop do país. Os cheerleaders não fazem apenas coreografias para distrair o torcedor, eles são maestros da reação do público. Cada jogador que entra para rebater tem sua música e sua dança. O sistema de som do estádio toca, mesmo com a bola em jogo, os animadores dançam e o estádio inteiro acompanha.

A dinâmica tem relação direta com o perfil do público. Muitos jovens enchem as arquibancadas, inclusive muitos grupos de adolescentes ou de idade universitária. Em certo aspecto, é um programa para eles, como uma balada ou ir ao shopping. O jogo existe e se reage a ele (se comemora, se lamenta), mas o importante é estar ali. A partida era um Doosan Bears x Hanwha Eagles, mas era fácil encontrar pessoas no estádio com camisa de Samsung Lions, LG Twins, Kia Tigers e outras equipes da KBO.

O perfil no Japão era muito diferente. Tinha música o tempo todo (inclusive com a bola em jogo) e o torcedor cantava sem parar, mas o centro de gravidade era totalmente diferente. Na Coreia do Sul, a experiência era mais pop, com cheerleaders e danças. Entre os japoneses, o ponto de partida eram as torcidas organizadas.

Cada time tem um núcleo onde ficam seus torcedores mais fanáticos. O time da casa fica no campo direito, o visitante no campo esquerdo. Os grupos carregam instrumentos e banda e, naqueles setores, só são admitidos pessoas vestindo a camisa do time. De lá partem as músicas, e o resto do estádio trata de acompanhar. O sistema de som do estádio não participa nesse momento, é tudo com base no gogó do público, nos instrumentos musicais e em artigos vendidos no estádio para se fazer barulho.

O mais surpreendente no caso japonês foi após a vitória do time da casa em um dos jogos (Hanshin Tigers x Yokohama DeNA BayStars no mítico estádio Koshien). A torcida dos Tigers não deixou seu lugar após a última eliminação. Todos ficaram sentados, vendo os melhores momentos do jogo no telão e esperando o anúncio do “Herói da Partida” (o melhor em campo). Com o nome revelado, o jogador em questão volta ao campo sob aplausos e dá sua entrevista. Todos assistem atentamente. Depois, ele sobe na caçamba de uma picape e dá uma volta no gramado acenando para o público ao som do hino do clube. Só depois desse ritual, que leva cerca de 20 minutos, é que os torcedores voltaram para casa.

A sensação no estádio japonês lembra mais a que os brasileiros estão acostumados em estádios de futebol. Soa mais orgânico, ainda que nem sempre se atinja o nível de animação ou de impacto visual das danças da Coreia do Sul (havia uma diferença considerável de envolvimento dos torcedores nos jogos vistos pela coluna no Japão. Hanshin Tigers x Yokohama DeNA BayStars tinha um clima muito mais caloroso que Yomiuri Giants x Yokohama DeNA BayStars).

Seja pela via pop dos sul-coreanos ou a de torcidas organizadas dos japoneses, é inegável que as duas maiores ligas asiáticas encontraram meios de dar um clima a seus estádios que os americanos raramente vêem. Por isso, as franquias da MLB não deveriam atravessar o Oceano Pacífico apenas para observar talentos para seus times. Um intercâmbio com o departamento que organiza as partidas poderia trazer ideias interessantes para melhorar a experiência de quem vai a um estádio nos Estados Unidos.

O Semana MLB é um post em forma de newsletter sobre os principais temas (e a programação de TV) da MLB. Toda sexta (vez ou outra atrasa para o sábado) uma nova edição

TRÊS STRIKES

1) Em 1948, um empresário chamado George Webb abriu uma lanchonete com seu nome em Milwaukee. Fanático por beisebol, ele imprimiu guardanapos com a previsão de que os Brewers, nome do time de ligas menores da cidade, venceria 17 jogos seguidos. Em 1953, o Boston Braves se mudou para a cidade, se tornando o Milwaukee Braves. Webb manteve a ideia, mas foi um passo adiante: a previsão de 17 jogos baixou para 12. Os Braves se mudaram para Atlanta nos anos 70, Milwaukee ficou uns anos sem time na MLB até o Seattle Pilots se transformar no atual Brewers em 1970 e a previsão de Webb nunca era atingida. Isso aconteceu em 1987, e a lanchonete George Webb celebrou distribuindo hambúrgueres de graça. Criou-se uma tradição. Essa marca foi atingida novamente em 2018 e… agora. Os Brewers chegaram a 12 vitórias seguidas na última quarta (dia 13) e novamente hambúrgueres foram distribuídos pela lanchonete. E a sequência chegou viva ao fim de semana, ajudando a matar a fome dos torcedores.

2) Em um movimento inesperado, a família Pohlad anunciou que não venderia mais o Minnesota Twins. A intenção de ceder o controle da franquia era pública, e a reformulação – leia-se: barateamento – do elenco no final de julho foi vista como uma forma de reduzir custos fixos antes da venda. Mas isso não se confirmou. Os Pohlad, que controlam a franquia desde os anos 80, estavam procurando compradores desde o ano passado, mas não tiveram sucesso. Assim, decidiram seguir com o time, apenas incorporando dois parceiros sem dar mais detalhes.

3) Nesta sexta, o Tampa Bay Rays promoveu o primeira base Bob Seymour de suas ligas menores. Com isso, será quebrado um inusitado tabu: será o primeiro jogador a adotar o nome “Bob” na MLB em 15 anos. Desde que Bob Howry, reliever com passagem por seis franquias entre 1998 e 2010, encerrou a carreira, não houve um jogador das grandes ligas com esse nome principal. Claro, houve vários chamados Robert, Roberto e Bobby, mas nenhum que usasse apenas Bob.

Domingo, 17/ago

20h - Seattle Mariners x New York Mets (ESPN 2 e Disney+)

Segunda, 18/ago

19h30 - Houston Astros x Detroit Tigers (ESPN 3 e Disney+)

Terça, 19/ago

20h30 - New York Yankees x Tampa Bay Rays (ESPN 3 e Disney+)

Quarta, 20/ago

22h30 - San Francisco Giants x San Diego Padres (Disney+)

Quinta, 21/ago

20h - Boston Red Sox x New York Yankees (ESPN 3 e Disney+)

Sexta, 22/ago

20h - Boston Red Sox x New York Yankees (ESPN 2 e Disney+)

BEISEBOL E SOFTBOL NO DISNEY+

Sexta, 15/ago

14h - Little League World Series: Todos os jogos do dia

17h - American Legion Baseball: Central Plains x Western

20h - American Legion Baseball: Great Lakes x Northwest

21h - Bananabol: Texas Tailgaters x Savannah Bananas

Sábado, 16/ago

13h - American Legion Baseball: Northeast x Mid-South

14h - Little League World Series: Todos os jogos do dia

16h - American Legion Baseball: South Atlantic x Southeast

20h30 - American Legion Baseball: Central Plains x Northwest

Domingo, 17/ago

14h - Little League World Series: Todos os jogos do dia

14h - American Legion Baseball: Great Lakes x Western

17h - American Legion Baseball: Mid-Atlantic x Mid-South

20h - American Legion Baseball: Northeast x Southeast

Segunda, 18/ago

14h - Little League World Series: Todos os jogos do dia

17h - American Legion Baseball: Jogo a definir

20h - American Legion Baseball: Jogo a definir

Terça, 19/ago

14h - Little League World Series: Todos os jogos do dia

20h - American Legion Baseball: Jogo a definir

21h - Athletes Unlimited (Softbol): Gold x Blue

Quarta, 20/ago

14h - Little League World Series: Todos os jogos do dia

22h - LMB: Playoffs, Jogo a definir

23h - Athletes Unlimited (Softbol): Blue x Orange

Quinta, 21/ago

16h - Little League World Series: Jogo a definir

20h - Athletes Unlimited (Softbol): Orange x Gold

20h - Little League World Series: Jogo a definir

22h - LMB: Playoffs, Jogo a definir

Sexta, 22/ago

20h - Little League World Series: Home Run Derby

Obs: Horários de Brasília. Grades sujeitas a alteração